O dilema de Ciro: esperar o apoio do PT ou ser o candidato do centrão?
Difícil
vai ser explicar a aliança entre um candidato até aqui de esquerda e
crítico feroz de Temer com o bloco que foi fundamental na sustentação do
governo

As opções de Ciro Gomes se afunilaram. Com o
colóquio no PSB travado e o caminho à esquerda interditado, o
presidenciável ficou com duas escolhas neste momento crucial para
alianças: ou segue sozinho com seu PDT, na esperança de mais à frente
ser ungido por Lula e pelo PT, ou se garante logo com o que tem à mão: o
bloco DEM, PP, SD e PRB ou Centrão. Em outras palavras, ou ele fica no
banco de reserva lulista, esperando o que lhe for destinado, ou assume o
controle da campanha com os riscos inerentes à independência. Ciro não
tem temperamento para poste. E já deu um aceno ao bloco ao acertar uma
agenda comum de propostas. Então, ele será o candidato do ‘centrão’,
ocupando o lugar antes reservado a Alckmin? A depender dos partidos e de
Ciro, a resposta seria sim. Mas, querer não é poder. Na prática, essa
costura é bem mais complicada do que parece.
Cavalo de Tróia
As vantagens para Ciro do apoio do Centrão
são óbvias: o presidenciável ganha musculatura partidária e tempo de
propagada na TV. O diabo vai ser explicar ao eleitor essa aliança entre
um candidato até aqui de esquerda e crítico feroz de Temer com o bloco
que foi fundamental na sustentação do governo na Câmara Federal. Há
riscos de que o acordo seja percebido como oportunista e incoerente,
prejudicando o candidato em vez de ajudá-lo. Os eleitores podem achar,
com razão, que a turma do Centrão busca construir na candidatura de Ciro
uma espécie de Cavalo de Troia eleitoral ou camuflagem para ocultar na
campanha o apoio decisivo que deram às reformas e ao governo super
impopular.
Dando errado
Curiosamente, a menos de 03 meses da
eleição, os postulantes a cargos majoritários ainda não conseguiram
fechar acordos eleitorais, com raras exceções. Em campanhas passadas, as
coligações já estavam praticamente prontas a essa atura. Hoje, os
presidenciáveis ainda não têm sequer um vice definido. O modelo
tradicional de aliança, baseada no pragmatismo, sem pé ou cabeça, não
está se mostrando funcional como antes. Na verdade, parece uma má ideia
diante da muralha de descrença do eleitor.
Fonte: shttp://osnovosinconfidentes.com.br/

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